CPI do MEC pouco afeta eleitor fiel de Bolsonaro, mas pode prejudicar presidente se perder eleição, avalia Vera Magalhães
Áudios de ex-ministro da Educação acusado de tráfico de influência diz que ele atendia a pedido de Bolsonaro para priorizar repasse de verbas a municípios e que presidente o alertou para investigações.
A CPI do MEC, protocolada pelos senadores na última terça (28) para investigar as denúncias de corrupção e tráfico de influência no Ministério da Educação, deve ter pouco efeito no eleitorado mais fiel de Jair Bolsonaro. É o que avalia Vera Magalhães em entrevista ao podcast O Assunto.
O nome do presidente foi envolvido no escândalo após o vazamento de um áudio no qual o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro disse que priorizava o repasse de dinheiro a municípios indicados por pastores e que, ao fazer isso, atendia a um pedido de Bolsonaro.
Milton Ribeiro e os pastores chegaram a ter a prisão decretada em junho para evitar interferência nas investigações, mas foram soltos um dia depois. Em uma nova gravação telefônica divulgada em 24 de junho, o ex-ministro diz à filha que foi alertado por Bolsonaro sobre as investigações.
De acordo com Vera Magalhães, o desgaste para Bolsonaro diante de seu eleitorado mais fiel "tem um peso pequeno". A jornalista chama atenção para observação feita pelos proponentes da CPI de que o calendário das investigações deve se estender para além das eleições. Vera ainda detalha quais seriam as consequências para Bolsonaro, caso fosse responsabilizado nessas circunstâncias.
"Com as prorrogações que são de praxe nesses casos - e o próprio fato de que ela [CPI] vai demorar um pouco para começar - ela se encerraria depois da eleição. Com isso, talvez na sua conclusão, Jair Bolsonaro já não seja Presidente. E aí ele poderia ser responsabilizado também nas instâncias inferiores."