Sertanejos merecem estar no Rock in Rio 2024 para diluir preconceito contra o gênero

Sertanejos merecem estar no Rock in Rio 2024 para diluir preconceito contra o gênero

♪ ANÁLISE – Criador do festival Rock in Rio, o empresário Roberto Medina começa a acenar para o universo sertanejo após ter se rendido ao funk em queda de braço que durou anos e que, do outro lado, teve a contribuição fundamental de Anitta para provar que o batidão merecia um espaço nobre no festival.

Medina tem dito em entrevistas que cogita incluir algum nome sertanejo no line-up do Rock in Rio 2024, citando o nome do cantor Luan Santana entre as possibilidades.

Já passa da hora! Como o Brasil é um país majoritariamente movido pela paixão pela música sertaneja, somente o preconceito explica o fato de o gênero ainda permanecer ausente do maior festival do país. Até porque os grandes astros sertanejos fazem shows com acabamento pop similar ao das apresentações de estrelas de outros gêneros, como Luísa Sonza e Ludmilla, atrações da edição deste ano de 2022.

Medina não citou Luan Santana por acaso. Embora tenha vindo do universo sertanejo, o cantor fez o crossover para o pop sem renegar as origens. O aparato técnico dos shows de Luan – para ficar somente no exemplo dado por Medina – atesta o enquadramento da música dita sertaneja no modelo pop da indústria.

Sem falar que atualmente o que se rotula como música sertaneja nada mais é do que um som essencialmente pop, miscigenado, padronizado, que incorpora tanto canções de alma sentimental sertaneja quanto ritmos latinos como bachata e reggaeton.

Inserir a música sertaneja na programação do Rock in Rio 2024 seria referendar a preferência popular e ampliar o eixo estético de festival que, ao vir ao mundo em 1985, já abriu o leque rítmico da programação, indo além do rock que lhe dá nome. Se Alok toca no festival, por que não Luan Santana ou mesmo João Gomes, astro recente do piseiro?

Goste-se ou não da música desses artistas, marginalizados por certa parcela das elites culturais, eles arrastam multidões e, por isso mesmo, merecem estar no Rock in Rio. Até para quebrar uma barreira cultural e social que, a julgar pelas declarações de Roberto Medina, está prestes a ser derrubada.

Abaixo o preconceito contra qualquer tipo de música!

 

Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2022/09/14/sertanejos-merecem-estar-no-rock-in-rio-2024-para-diluir-preconceito-contra-o-genero.ghtml