Produção de veículos cai 5% no 1º semestre e vendas recuam 14,5%, diz Anfavea

Montadoras reduziram projeções de produção e venda para este ano.

Produção de veículos cai 5% no 1º semestre e vendas recuam 14,5%, diz Anfavea

O desabastecimento de peças, sobretudo de semicondutores, continua a prejudicar a produção de veículos no Brasil e representa “o maior desafio” dessa indústria automotiva hoje com as vendas se mantendo retraídas, segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite.

Nos primeiros seis meses do ano, a produção de veículos caiu 5% na comparação com a primeira metade de 2021. Em junho, porém, houve um avanço de 21,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado, num total de 203,6 mil unidades. Isso indica, segundo Leite, a tendência de normalização do abastecimento de peças daqui para a frente.

No primeiro semestre, a produção foi fortemente comprometida pela escassez de semicondutores. Total de 20 fábricas paralisaram em algum momento no primeiro semestre, o que totalizou 357 dias de paralisação, juntando todas. Segundo a Anfavea, em decorrência disso, 170 mil veículos deixaram de ser produzidos no período.

Leite lembrou, ainda, a persistência dos problemas logísticos globais. O maior porto do mundo, em Xangai, destacou o dirigente, passou 60 dias parado.

Vendas

 

De janeiro a junho foram licenciados 918 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, o que representou uma queda de 14,5% na comparação com os primeiros seis meses de 2021. Em junho, a retração foi menor, de 2,4%, na comparação com o mesmo mês do ano passado, num total de 178,1 mil veículos.

Leite aponta, porém, que houve tendência de alta na média diária de licenciamentos, que, em maio e junho, manteve-se igual à média de um ano atrás, com 8,5 mil veículos emplacados por dia. A Anfavea estima que em dezembro a média diária de vendas estará acima de 9 mil unidades.

O volume de estoques nas fábricas e revendas subiu em junho, com 145,5 mil veículos. Isso equivale a 24 dias de venda. Foram 21 em maio. Segundo Leite, a elevação do estoque não significa falta de demanda.

Reflete, segundo ele, um momento de chegada de componentes que estavam em falta. As montadoras conseguem, diz ele, concluir a montagem dos veículos que estavam parados.

 

Estimativas

 

O setor de veículos do Brasil também cortou suas estimativas de crescimento em 2022. A Anfavea agora espera que as montadoras instaladas no Brasil produzam 2,34 milhões de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus este ano, um crescimento de 4,1%. A entidade começou o ano com uma projeção de produção de 2,46 milhões de unidades, o que representaria uma expansão sobre 2021 de 9,4%.

A estimativa de vendas foi reduzida de 2,3 milhões para 2,14 milhões de veículos, expansão de 1% ante 2021. Na exportação, porém, a previsão foi elevada ante a expectativa do início do ano, de 390 mil para 460 mil veículos, o que representaria um salto de 22,2% contra 2021.

O executivo, oriundo do grupo Stellantis, afirmou que a elevação dos juros e a inflação estão colaborando para um aumento do envelhecimento da frota nacional, com as vendas de veículos com nove anos ou mais avançando ante vendas de seminovos e novos.

"Isso é um sinal perigoso para o mercado", disse o presidente da Anfavea. "O consumidor está comprando veículos cada vez mais velhos...começamos a perceber uma fuga para esse segmento."

Fonte:Produção de veículos cai 5% no 1º semestre e vendas recuam 14,5%, diz Anfavea | Economia | G1 (globo.com)