Argentina vive 'epidemia de desilusão' com Banco Central zerado e ministra sem plano de governo
Troca no comando da Economia para Batakis só foi possível porque foi a única que a vice-presidente da Argentina não vetou, avalia repórter especial do jornal 'O Globo'.
Com inflação acumulada na casa dos 60%, desemprego acima de 12%, o Banco Central zerado e a moeda em desvalorização recorde perante o dólar, a Argentina vivencia um cenário de deterioração econômica potencializado pelo conflito político entre o presidente Alberto Fernández e a vice, Cristina Kirchner.
A rixa entre os governantes atingiu o ápice nos últimos dias, com a renúncia do ministro da Economia, Martin Guzmán, cujas políticas de combate à crise enfrentavam resistência da vice de Férnandez. Nesta terça (5), Silvina Batakis foi nomeada para assumir a pasta.
A troca no comando, segundo a jornalista Janaína Figueiredo, só aconteceu porque "foi a única que Cristina não vetou", disse a repórter especial do jornal "O Globo" em entrevista ao podcast O Assunto.
"Esse foi o nome de consenso, mas que até agora não disse o que vai fazer. Qual é seu plano de governo? Como ela vai cumprir o acordo com a FMI? Como ela vai equilibrar é a questão fiscal? [...] É uma situação tão complexa que você conversa com os economistas argentinos e cada um diz uma coisa diferente. A verdade é que ninguém sabe como tirar a Argentina desse buraco."
Em Buenos Aires, Janaína Figueiredo ainda diz que o clima nas ruas pode ser definido como uma "epidemia de desilusão".
"[Para] a geração de 40, 50 anos, é muito mais difícil você migrar nesse momento da vida. Mas os jovens argentinos...É muito impressionante você ver como a grande maioria já pensa em um futuro fora da Argentina. As pessoas não veem o futuro dentro da Argentina."