Efeito Carlos Bernardo: ala petista tenta ressuscitar Fábio Trad como candidato a Governador

Nome do ex-deputado foi lembrado pelo deputado Pedro Kemp, mas ele reluta voltar à política

Efeito Carlos Bernardo: ala petista tenta ressuscitar Fábio Trad como candidato a Governador
Carlos Bernardo sendo recebido pela coordenadora de um Acampamento de sem-terra Simonês Maria dos Santos (foto: arquivo ContrapontoMS)

Quando o nome Trad vem à baila na política estadual, principalmente depois do escândalo sexual que inviabilizou a candidatura do ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad, ao governo do estado, e sempre que se requenta uma das denúncias que apontam para o envolvimento do senador Nelsinho Trad em atos de corrupção durante seu tempo como prefeito da capital, a primeira coisa que se ouve é que o ex-deputado federal Fábio Trad “é o melhor deles”. Advogado, ex-presidente da OAB e deputado federal sempre bem avaliado no Congresso, Fábio Trad tem, no entanto, uma performance eleitoral aquém das expectativas, o que o fez se contentar com sinecuras no governo federal, como a atual, na Embratur, até para que possa continuar com suas terapias para compreender suas derrotas nas urnas.

Agora, bastou o empresário e CEO da UCP (Universidade Central do Paraguai), Carlos Bernardo, começar a se movimentar como possível candidato à sucessão de Eduardo Riedel para que setores mais radicais do PT, sem nomes competitivos, tentem ressuscitar Fábio Trad também como candidato a governador pela sigla. No entanto, Carlos Bernardo saiu na frente, pois, indiferente à maré baixa do governo Lula, apressou-se em se filiar ao partido, enquanto os defensores de Trad sequer sabem se ele tem interesse na disputa.

Na hipótese de aceitar esse desafio impensável para quem sequer ocupa um cargo eletivo, a diferença entre o potencial de Carlos Bernardo e o do advogado campo-grandense é gigantesca. Hipocrisia à parte e com a devida vênia ao Ministério Público Eleitoral, quando se trata de uma candidatura ao governo do estado, o que realmente importa é quem tem a famosa e letal “bala na agulha”. Nesse quesito, por razões mais que óbvias, não apenas por ser da fronteira, mas também pelo império que construiu no Brasil e no Paraguai, a vantagem de Carlos Bernardo é oceânica.

Enquanto o deputado Pedro Kemp e outras figuras de somenos importância do PT sonham com a candidatura de alguém que, além de não pertencer ao partido, sequer cogita voltar à política, Carlos Bernardo já se apresenta como pré-candidato “para ajudar o partido, seja a deputado estadual, federal, senador ou até governador”. No vácuo deixado por aqueles que apenas usufruem das benesses do governo Riedel, como o próprio Pedro Kemp e o ex-governador Zeca do PT, Carlos Bernardo articula-se para revitalizar o partido, movimentando-se no entorno de Lula e buscando, entre outras estratégias, convencer a ministra do Planejamento, Simone Tebet, a se filiar ao PT. Esse movimento a posicionaria de forma estratégica para disputar qualquer cargo, incluindo a presidência da República, em caso de algum contratempo com Lula.

Carlos Bernardo, aliás, deve aproveitar a presença de Simone Tebet nesta sexta-feira em Dourados para mais uma conversa olho no olho com ela, dando sequência às primeiras tratativas nesse sentido com o marido dela, Eduardo Rocha, chefe da Casa Civil do governo Riedel.

Aos que ainda duvidam da viabilidade de um poderoso empresário se candidatar ao governo do estado pelo Partido dos Trabalhadores, e que pensam que ele está brincando em serviço, deixo aqui este link – Carlos Bernardo engrossa coro dos sem-terra por condições como as dos assentados da Nova Itamarati – de um texto que escrevi há mais de um ano, durante uma visita de Carlos Bernardo a um acampamento de sem-terra no assentamento Itamaraty, em Ponta Porã. Ainda bem que meu feeling eleitoral não me enganou e sempre abri espaço para esse baixinho que, pelo fenômeno que já é nas redes sociais, pode se transformar num gigante da política estadual.

 

Fonte: https://contrapontoms.com.br/2025/03/14/efeito-carlos-bernardo-ala-petista-tenta-ressuscitar-fabio-trad-como-candidato-a-governador/